Madrinha

Para a fé, o amor e a caridade não há fronteiras...

Num mundo onde a ignorância e o sofrimento abrem chagas no coração Humano, o chamado da Espiritualidade ecoa em nós de forma a rasgar o véu do preconceito Espiritual. A Seara, de extensão condizente com as nossas necessidades de evolução, espera corações fortalecidos no propósito de servir sem distinções.

Assim se inicia a trajetória de Maria Inácio Casemiro, nascida no Ceará em 22/11/1922, conhecida entre os seus como Madrinha. Vinda de uma família tradicionalmente católica, entre familiares padres e freiras, defrontou-se com as peripécias espirituais desde a infância, quando apresentou manifestações mediúnicas que a ciência oficial acreditava ser tratar de epilepsia. Rodeada por falta de informações e preconceitos de toda ordem foi orientada aos 25 anos por amigos a conhecer um centro Kardecista que funcionava, na época, de forma escondida. Imediatamente o chamado para o trabalho espiritual se manifestou através do seu mentor espiritual Pai Francisco, que a acompanhará por toda sua vida até o momento de sua passagem. De grande valia e com toda simplicidade peculiar Pai Francisco a conduziu ao seu lugar na grande família universal que somos todos nós.

Com o tempo, a Madrinha adquiriu conhecimento e fortalecimento espiritual dedicando-se aos rituais da Umbanda em vários terreiros. Mudou-se para Brasília, em 1964, com seu marido, Antônio Inácio Casemiro Temoteo, e seus 10 filhos. Em 1968, por iniciativa própria e por orientação de Pai Francisco fundou sua casa, intitulada Associação Espírita Pai Francisco – Fé, Amor e Caridade. Seu marido, fiel companheiro, assumiu as funções de presidente da sua instituição, até o seu falecimento em março de 2010, sempre se colocando a frente das questões burocráticas e a serviço do bem e da caridade.

No decorrer da sua jornada, a Madrinha sempre expôs de forma simples as origens da umbanda, a natureza de suas manifestações, os mitos que cercam os exus, pretos velhos e caboclos e a verdade sobre essas personalidades veneráveis, o que certamente colaborará para que essa bela expressão de religiosidade seja respeitada, admirada e amada por todos. Ressalta todos os dias para seus 08 filhos, 50 netos, 46 bisnetos, 03 tataranetos e milhares de filhos de santo que passaram por sua casa, que a caridade é lei universal, e nós que trabalhamos nas searas umbandistas devemos ter nela o guia infalível de nossas atividades, nunca cobrando por nossas atividades. Para dar o alicerce necessário à sua vida material exerce ate hoje a profissão de costureira.

Em 2010, a Associação Espírita Pai Francisco – Fé, Amor e Caridade foi tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, como Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal, reconhecendo e valorizando a sua  representatividade, suas características e suas respectivas tradições na capital federal. Mantêm se inalterada ate hoje seus rituais. Em janeiro é realizada o Amaci de São Sebastião, em homenagem aos Caboclos, em Abril é realizada a Comunhão Espiritual e o Amaci de São Jorge, em homenagem ao orixá Ogum, em Agosto é realizada uma feijoada em homenagem a Pai Francisco, em Setembro é realizada a festividade em homenagem as Beijadas, em Outubro é realizada oferendas e trabalhos na Cachoeira, em Dezembro é realizada a passagem do Ano Novo no Lago Paranoá, em homenagem a Mãe Yemanjá. Suas sessões de atendimento são realizadas às Segundas-Feiras (Preto Velho e Beijada) e as Sextas-Feiras (Caboclo, Boiadeiro, e Marinheiro) e aos Sábados (Consulta individual realizada por Pai Francisco).

Hoje, aos 88 anos de vida e 63 anos de dedicação aos trabalhos espirituais, nossa querida Madrinha deixa como ensinamentos a luz da sua simplicidade, do seu amor e da sua fraternidade, das quais somos ainda meros aprendizes.